O Instante de Pina – Crítica 2

A liberdade dos movimentos corporais entregues à subjetividade da comunicação, onde a expressividade alcançada pela dança atinge ações teatralizadas, ou ainda, as ações são realizadas de tal forma pelo corpo que seu movimento incessante é justificado como dança – estamos falando da dança que traz consigo o teatro, ou vice-versa. – O bailarino que traz um texto, o ator que expõe movimentos coreografados, e em alguns casos, personagens, figurino, cenografia, história; as possibilidades são várias para os artistas que fazem da Dança-Teatro a sua maneira pessoal de estar em cena. Para ilustrar todas as ideias oriundas da Dança-teatro, ninguém menos que Pina Bausch dançarina e coreógrafa alemã, que inovou trazendo até nós a dança que utiliza como maior referência à realidade humana.

No evento Pina Baush: Dancem ou estamos perdidos, realizado no DEART–UFRN, tivemos a oportunidade de experienciar um pouco dessa prática contagiante em dois dias da oficina Um instante de Pina: Improvisação e composição em dança contemporânea, ministrada por Cibele Ribeiro. Ao sentir e ver movimentos aparentemente singelos, mas que expressam uma força de comunicação gigantesca, seja individual ou em grupo, aquele movimento simples, às vezes até esquisito, é resignificado diante dos nossos olhos de espectadores.

O ápice da oficina ocorre no momento em que é entregue a cada um dos participantes uma folha de papel, contendo em cada, uma pergunta do tipo – “De que você tem medo?” “Como você imagina o amor?” dentre outras com mesmo sentido. A partir daí, todos tentam responder sua pergunta, usando como ferramenta o próprio corpo. Então, como demonstrar meu medo através do movimento? – Essa era uma das indagações que surgiam, em nós participantes, enquanto tentávamos expor a subjetividade que cada pergunta estimulava. É como se as respostas saíssem de dentro de nós e expandissem para os extremos do nosso corpo, gerando o movimento. Depois, as criações iam se conectando com a de outro colega e adquirindo um sentido ainda maior e diverso do que antes imaginávamos.

Por mais que tenha sido um instante de Pina, esse instante foi compensador para aqueles que admiram a criação cênica a partir de materiais da nossa própria existência, sejam histórias particulares ou até opiniões próprias. Muitas vezes não sabemos como expressar tudo que guardamos e nada melhor que a dança-teatro para nos fazer revelar o que somos e o que sentimos, não só para os outros como também para nós mesmos.

Erickaline Lima

Leia Mais sobre a oficina https://vertentesdacritica.wordpress.com/2012/09/03/nota-um-instante-de-pina/

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